Lula diz que botou “mulher bonita” para melhorar relação com o congresso
Política


Durante a cerimônia de nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou atenção não apenas pela escolha política, mas pela justificativa utilizada. Em seu discurso, o presidente ressaltou que estava colocando a deputada no cargo por ser uma “mulher bonita”, um comentário que rapidamente gerou críticas e reações nas redes sociais e entre especialistas em gênero e política.
A fala de Lula evidencia um problema recorrente na política brasileira: a redução da competência feminina a atributos estéticos. O episódio ocorre no mesmo momento em que o governo reduziu a presença de mulheres no primeiro escalão, substituindo três ministras por homens, o que enfraquece a representatividade feminina em cargos estratégicos.
A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, que recentemente deixou o cargo para dar lugar a Alexandre Padilha, relatou ter enfrentado misoginia durante sua gestão. Antes dela, Daniela Carneiro (Turismo) e Ana Moser (Esporte) também foram substituídas por ministros homens. A fala do presidente, portanto, reforça uma estrutura que ainda trata a participação feminina na política de forma secundária ou simbólica, desconsiderando sua competência e trajetória profissional.
O episódio reacende o debate sobre a maneira como mulheres são percebidas e tratadas em ambientes de poder. A presença feminina na política vai além de uma questão de imagem; trata-se de representatividade, de reconhecimento da capacidade e da luta por espaços historicamente negados. Em pleno mês de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher, declarações como essa mostram o quanto ainda há para avançar na luta contra a misoginia estrutural dentro das instituições.