Café, carne e frango: preços devem continuar em alta
Economia


“Da mesma maneira, o café é afetado diretamente pela questão climática, com secas nas regiões produtoras, inclusive em áreas de fora, como o Vietnã e a Costa do Marfim, o que resulta em redução de oferta de importação para o nosso mercado. Some-se a isso, o dólar alto, que faz com que os produtores brasileiros consigam maior receita vendendo para fora. Isso torna o produto escasso internamente. Com uma quantidade menor, o preço tende a subir para a população”, acrescenta Emanoel. A carne e o frango seguem panorama parecido, embora, no caso do último item, haja um fator a mais.
Os Estados Unidos, de acordo com Nunes, sofreram uma epidemia de gripe aviária que dizimou grande parte das aves do País. Por consequência, a produção foi fortemente reduzida. “Com isso, os americanos passaram a comprar o ovo brasileiro – mais uma vez repito, o produtor daqui prefere exportar, então, o produto fica mais caro no mercado nacional”, afirma o economista.
Além disso, os preços são afetados pela mudança de consumo, que costuma ser provocada pela elevação de um produto inicial. “Primeiro, as pessoas trocaram a carne pelo frango, e o preço desta última proteína subiu. Então, veio a substituição por ovo, fazendo com que este item, tendo aumento de consumo, registrasse alta de preços também”, detalha o especialista.
Diante do histórico, avalia o professor, a inflação dos alimentos deve permanecer. “Com o dólar alto e sem providências do governo para baixá-lo, os produtores vão continuar vendendo nossos alimentos, tornando os itens mais escassos e caros internamente”, avalia. Um das medidas que poderiam ser adotadas para minimizar os impactos, segundo o economista, esbarra exatamente na escassez de alimentos.
“Os estoques foram uma realidade no Brasil desde o período militar – o governo compra o excedente, armazena e distribui nas prateleiras quando o produto está em falta no mercado. Só que agora, com a demanda externa, todos os produtos estão sendo vendidos para fora”, diz Nunes.
Sem perspectivas de visualizar algum alívio no bolso, os consumidores se esforçam para encontrar produtos mais em conta. “Café, carne e leite. Está tudo caro. Estou desempregado, recebo apenas um auxílio do governo (de R$ 600), então, veja só como é difícil para mim fazer as compras”, conta Roberto Pires. A autônoma Edna Conceição afirma que o jeito é pesquisar. “Vou a vários mercadinhos e supermercados e compro no estabelecimento que está mais barato”, conta a autônoma.
Alta dos alimentos
Inflação dos alimentos em 12 meses
Café: 50,35%
Carne: 21,17%
Azeite: 17,24%
Frango: 10,32%
Aves e ovos: 7,84%
Fonte: IBGE
